35 anos
Há 35 anos prometia fidelidade à minha esposa até que a morte nos separasse, o que não ocorreu até o momento.
Escrever sobre esse tema é sempre delicado. Tenho bons amigos que não tiveram a sorte que tive. É muito fácil cair na armadilha de pontificar sobre como fazer um casamento “dar certo”. Não creio que haja uma fórmula única, dado que, se os seres humanos são únicos, imagine a combinação de dois seres humanos vivendo uma única vida.
Se pensarmos bem, todo casamento é um pequeno milagre. Dizem os céticos que as pessoas se tornam menos virtuosas quanto mais as conhecemos. Imagine depois de 35 anos de convivência!
Quando somos jovens e escolhemos alguém para casar, listamos uma série de qualidades físicas e espirituais que nos atraem. É uma especie de “bingo da felicidade matrimonial”. Achamos que aquilo é o fundamental para que o casamento funcione. Com o passar do tempo, no entanto, aqueles predicados mudam, e descobrimos outros, talvez não tão agradáveis. Daí surgem as tensões naturais dentro do casamento.
Mas, à medida que o tempo passa, mais a atração se dá pela pessoa em si e não pelos, ou apesar dos, seus predicados. É algo difícil de definir, mas é a própria presença do outro que nos traz paz. Não quer dizer que não haja irritação, brigas e desentendimentos. Mas essas coisas passam a estar em um plano diferente, que convive perfeitamente com isso que acho que chamam de amor.
35 anos e 7 filhos depois, acho que a única coisa que posso dizer é que tenho muita sorte de ter a esposa que tenho.