A romântica busca pela 3a via
Em 2022, um grupo de empresários se organizou para apoiar a então candidata Simone Tebet à presidência. Foi um sucesso: a senadora obteve 4,16% dos votos, ficando à frente até de Ciro Gomes. Mas se considerarmos a evolução desse centro limpinho e cheiroso, Tebet obteve menos votos do que Alckmin em 2018. Exatos 0,60 pontos percentuais a menos.
É claro que essa análise é só uma ironia. Para fins práticos, a tal “terceira via” foi um traço estatístico em 2018 e 2022. Na verdade, piorou fora da margem de erro, se considerarmos João Amoedo como terceira via respeitável em 2018. Mas isso não impede que os mesmos empresários se unam novamente, à espera de um príncipe montado em um cavalo branco, pronto a salvar a princesa brasileira das garras dos extremos.
Já escrevi aqui que a polarização tem uma lógica implacável, e uma terceira via tende a ser soterrada pela dinâmica da escolha do segundo ótimo. Esses empresários irão enfrentar, mais uma vez, uma dura escolha no 2o turno de 2026: a continuidade do petismo ou um candidato bolsonarista. Dessa vez, no entanto, não poderão alegar que esperam “maior definição do programa de Lula” para apoiá-lo. Terão a experiência de 4 anos de governo Lula, as cartas estarão todas na mesa, não poderão alegar ignorância. Será que, mesmo assim, por “amor à democracia”, deixarão de apoiar o candidato que sobe no caminhão de som do golpista-mor da nação?