Vale a pena comprar o ingresso?
Fui ler a resenha do novo filme de Walter Moreira Sales, “Ainda Estou Aqui”, que conta a história da viúva do ex-deputado Rubens Paiva, sequestrado e morto pela ditadura militar. Fui ler a resenha, que ocupa duas páginas completas do jornal, para avaliar se valia a pena sair de casa e pagar o ingresso no cinema. Saí de mãos vazias.
A “resenha” não comenta o filme em si, mas apenas a recepção entusiástica em festivais, a ligação do diretor com a família e a própria história da família, sempre lembrando que não podemos esquecer o período da ditadura jamais. E o filme?
Já fui assistir a filmes nacionais no cinema que me interessavam. Todos contando histórias muito interessantes. Alguns foram feitos de forma competente, como a o que narra o segundo governo Vargas e o seu suicídio (Getúlio) ou os últimos dias de Tancredo Neves (O Paciente). Outros são constrangedores de ruins, como o filme sobre o Plano Real (Real - O Plano Por Trás da História) ou sobre o empresário EIke Batista (EIke - Tudo ou Nada). Um filme é a boa execução de uma boa história.
Central do Brasil, o último filme brasileiro que chegou à finalíssima do Oscar (e lá já se vão 25 anos…) é, antes de tudo, um excelente filme. A resenha do Estadão passa a impressão de que, por contar uma história boa, todo o resto vem a reboque. Não, o filme tem que ser bom. Vale a pena comprar o ingresso? Fiquei sem saber.